Raiz das Estrelas

Um guia de sobrevivência para quem quiser se aventurar na floresta escura do autoconhecimento, a obra é a antítese da proposta do “livro de autoajuda”. Ao contrário da literatura fácil de promoção do sucesso pessoal, o texto reforça a ideia de que a evolução individual depende de um esforço próprio de transformação da coletividade, cujo ponto de partida é uma imersão profunda no mesmo “eu” que às vezes, sem crítica ou julgamento de valor, também se alimenta do egoísmo, da violência e da raiva.

Por ser um terapeuta da alma trafega com leveza pelos remotos recôncavos do sentir humano. Como gestante protagonista do Ungambikkula, levita por entre as metáforas e dá forma a suas narrativas que parecem saltar de suas mãos com tamanha espontaneidade e afeição, como se fora um ourives. As palavras lhe saem como água que brota da fonte límpida, translúcida e viva. Sua veia de ator e cantor conduz a estrutura textual de tal modo a prender o leitor e a leitora que passam a participar e a interagir com suas cenas e estribilhos, num ritmo cadenciado pela emoção.

O livro incentiva uma profunda reflexão que desloca a tendência humana em pensar que existe uma fórmula mágica, uma técnica esotérica, ou uma tradição oculta que vai fazer tudo funcionar. Deixa claro que atitudes criam movimentos, e que podem e devem ser aprimoradas. É uma visão robusta e ao mesmo tempo suave da coletividade e do senso ético.

Essa obra nos propõe compartilhar de um processo intenso de transformação e desenvolvimento, confronto entre luz e sombra, mesmo que dolorido, mas, acima de tudo, íntegro e profundo onde o que se destaca é a capacidade de se despir de si mesmo e se olhar, na plenitude de sua nudez, no espelho de sua alma, com honestidade, busca de autoconsciência e acima de tudo, verdade. É a proposta de uma jornada de autoconhecimento terapêutico.

A Borboleta… foi a primeira ilustração que fiz para este livro. Ainda em 2015. Eu nem imaginava que ilustrar seria um dia minha profissão.

Eu lembro do frescor das ideias, dos vários desenhos, da busca em como captar o voo de uma borboleta mutilada que, honrada, teima em cumprir sua missão. Foi uma inspiração. Conheci isso em mim nessa passagem.