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O Retorno de Belovodya

Algo está morrendo entre nós. As estruturas da sociedade humana estão doentes. O capitalismo agoniza, mas antes de morrer, essa força que se tornou monstruosa não sucumbirá sem levar consigo quantos puder. Creio que antes de tudo ruir, mais impostos, armadilhas, dívidas, ou até mesmo novos conceitos serão derrubados e formulados, para turvar ainda mais a percepção de um mundo, que olha incrédulo para as possibilidades de nossos dias futuros.

Mas não foi sempre assim. Apesar de altamente predatório e sorrateiro, o capitalismo já foi um grito de esperança e liberdade entre nós. Uma força que trazia ao homem comum, a possibilidade de ter o conforto e até mesmo os sonhos realizados, pela capacidade criativa de dialogar mais com a abundância da vida. Alimento para sua família, proteção contra doenças, precavendo assaltos e exposições indevidas às intempéries sociais; fenômenos violentos naturais, e até mesmo a saúde mental, física e espiritual podia ser amparada com mais resguardo.

"Os mitos do Paraíso Terrestre, Shangri-La, Belovodya, Walhalla, Campos Elísios, Lemúria; referem de um lugar atemporal, onde somente o divino não basta, mas um mundo perfeito com um sistema de trocas para o divino existir, depois de algo impuro morrer."

Texto por Pavitra Shannkaar

Imagem por Jacek Yerka (“Time Tuner”, 2006)

A verdadeira doença de todos os sistemas idealizados pela cabeça do homem foi justamente o egoísmo, a traição. Muitos acordos, que sustentavam as estruturas dessas sociedades ilusoriamente justas e benfazejas, foram quebrados até que tudo chegasse a destruir o grande sonho do homem, o de as trocas saudáveis.

Os mitos do Paraíso Terrestre, Shangri-La, Belovodya, Walhalla, Campos Elísios, Lemúria; referem de um lugar atemporal, onde somente o divino não basta, mas um mundo perfeito com um sistema de trocas para o divino existir, depois de algo impuro morrer. A partir de então, mentimos veladamente a nós mesmos, que estamos em exercício desses dias, mas, as estruturas da nossa sociedade como um todo hoje agonizam em seus mínimos detalhes, porque fazemos acordos e juramos honrá-los. Porém, quando consultamos nossa força vital, nosso instinto de sobrevivência, nosso impulso de vida, ele nos devolve uma percepção de mundo assombrado. Nós pegamos tudo o que podemos no entanto a honra agoniza com as falácias do dia a dia. Criamos armadilhas entre esses acordos, e mais do que isso, quebramos as regras do nosso sistema de trocas no final. Traímos a partilha, a nossa parcela devolutiva, perdemos a cada dia mais a noção de justiça, das trocas justas. Hoje, o nosso sistema de crenças não acompanha mais o nosso sistema de trocas.

É claro que com isso, todas as forças naturais, principalmente a nossa, ficaram ameaçadas. Hoje temos medo de pensar que podemos entrar em extinção, mas estamos muito perto de algo parecido acontecer. Nossa última Era Glacial demorou somente seis meses para se instalar, essa é na verdade uma grande preocupação para mim. Significa que se por algum acidente for desencadeada, o efeito será fulminante

"Hoje temos medo de pensar que podemos entrar em extinção, mas estamos muito perto de algo parecido acontecer."

Eu sou uma pessoa bastante preocupada com o mundo e com o meu país, infelizmente, nossa estrutura governamental não me representa, mas tenho um trabalho de excelência e por isso me sinto um representante digno do Brasil. Não sou de direita, não sou de esquerda, tampouco de centro. Sou um trabalhador, dou o meu melhor para que a vida seja boa.

Os que me conhecem de perto, sabem que algo ocorre ao meu redor, sabem que eu sonho com as músicas que tocamos e sinto coisas que já me levaram a questionar o meu papel no mundo. Porém, ainda mais dessa vez, eu creio que o mundo e o Brasil precisam de pessoas ativas e referentes. Não há mais tempo para omissão.

Essa noite eu tive um sonho um tanto preocupante; sonhei que os nossos homens do exército brasileiro estavam treinando artilharia, se preparando para a guerrear numa guerra que se avizinhava.

Hoje, a ciência reconhece os campos mórficos e sabemos que isso não é exatamente um presságio, mas uma gravação nos campos de possibilidades ensaiando um rito de passagem que poderá vir a ser; mas de fato, nossas forças instintivas contarão muitos pontos para tudo ocorrer, ou ser evitado.

Longe de querer ser um líder espiritual, ou um expoente político, com esse texto, eu busco somente fazer a minha parte, contribuir com minha referência entre os meus. No entanto como um homem comum, convoco a todos a desejar e construir um mundo melhor mais harmônico com trabalho, orações, verdade e respeito pela vida na terra. Tudo o que você conhece, precisa disso afinal.

Pavitra Shannkaar autor autoconhecimento e espiritualidade

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Pavitra Shannkaar autor em autoconhecimento e espiritualidade

Sobre o Autor

Pavitra Shannkaar é autor e escritor em ética, espiritualidade e autoconhecimento, também é terapeuta transpessoal, cantor e compositor da banda Ungambikkula, além de ser presidente da Cooperativa Cultural e Artística Ungambikkula. Autor do livro "Raiz das Estrelas".

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