Ter coragem para enxergar o que se fez, não é algo muito fácil de se fazer.
Imagine que num porão muito remoto, você deixou coisas encalhadas do passado, algumas, com planos de retomar algum dia, outras, com esperança de reorganizar logo adiante, mas não sei porque cargas d’águas elas ficaram esquecidas lá por muito tempo, e por mais que sua voz interna o tenha alertado, um ser muito inferior dentro de si, evitou olhar para o lado para avaliar as consequências disso que o tempo retornou.
Quando Deus passou pela minha casa, eu fui forçado a aprender algo muito curioso sobre a vida enquanto energia. Imagine agora, algo como uma onda gigantesca, passando por cima de tudo o que você conhece, como algo líquido mas não desse mundo, uma poderosa onda palpável, mas algo capaz de interpenetrar em seus tecidos corpóreos, e nutrir de vontade tudo o que você é…
Então imagine agora, que essa onda passe todos os dias e a todo momento, e que você tem que deixar as suas coisas disponíveis, para que possam ser permeadas de vontade ou elas enfraquecerão. Este ser apequenado que mora dentro do seu porão, há muito tempo não toma sol porque tem vergonha de si. Não é banhado pelas águas da vontade da vida, porque não se acha belo o suficiente a ponto de se expor, ele não frequentou a escola da vida para enriquecer seu repertório criativamente. Mas entenda que ele aprisiona consigo um punhado de sinapses, de potenciais, que nesse momento não estão mais disponíveis para a sua saúde física, mental, emocional e espiritual. Ressentido e abandonado, ele passou muito tempo imerso nessa carência, pois você o abandonou, e só você sabe como ele é e onde está.
Vamos fazer o seguinte: recolha-se em sua solidão até que você consiga ouvi-lo falar através de sua consciência e pergunte que fruta ele gosta… Escolha algumas músicas que te toquem profundamente ponha perto de sua cama para ouvi-la no momento certo que só você saberá. Deite de lado em posição semi-fetal. Ponha as mãos sobre os ombros como um leve abraço afetivo, e ali fique ouvindo suas músicas preferidas, sentindo-as em seu coração. Se você acabar dormindo não tem problema algum, desde que você se permita ficar um tempo sentindo esse afeto por si mesmo. Ao acordar, dê à ele, sua fruta preferida. Prossiga fazendo isso regularmente e com o passar do tempo, observe o que mudou em você.
A felicidade se constrói com boa vontade!
"Este ser apequenado que mora dentro do seu porão, há muito tempo não toma sol porque tem vergonha de si. Não é banhado pelas águas da vontade da vida, porque não se acha belo o suficiente a ponto de se expor, ele não frequentou a escola da vida para enriquecer seu repertório criativamente."
Texto por Pavitra Shannkaar
Sobre o Autor
Pavitra Shannkaar é autor e escritor em ética, espiritualidade e autoconhecimento, também é terapeuta transpessoal, cantor e compositor da banda Ungambikkula, além de ser presidente da Cooperativa Cultural e Artística Ungambikkula. Autor do livro "Raiz das Estrelas".